segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Deus lhe pague

É tempo de ruas tristes, postes, prédios e letreiros imundos. Ando muito rápido e esquadrinho cada milimétrico canto da avenida. Ouço o barulho do vento, a espalhar os cacos do estilhaçado silêncio. Devia ter tido a astúcia de me humilhar. Reparo no telefone celular, cujo olhar fita-me sério, ao modo confidente, que perscruta e ausculta os meus lamentos. Sinto ódio de uma criança que berra incessante dentro de uma casa qualquer. Não era tanta raiva do grito, era da mãe, desconhecedora de qualquer canção de ninar. Vejo 3 viaturas da PM circunscrevendo uma pickup D-10 (ou seria D-20 o nome dela?), preta, as rodas pratas e os vidros escuros. Eu era um ignorante em carros... Cada passo revelava detalhes dos cabelos da loura amedrontada e servil cujos braços esticados buscavam ajuda; cada passo que eu dava desvelava os fonemas gritados pelo homem com o qual ela casara e agora traía com frequência...

Impressiona-me o cenário esdrúxulo. Pois que tal drama se embolava às cruéis e ingênuas canções dos protestantes da igreja ao lado. Os cristãos, alheios ao caos urbano que latejava em meio ao meio-fio. Todos os poucos transeuntes, aliás, escondiam-se também alheios sob máscaras frias de ferro.

E nem mesmo as árvores faziam qualquer menção de horror frente às ameaças de morte. Eram puras e dóceis, feito o rosa e o amarelo das pétalas no canteiro da praça.

Tantos jovens se casam, bem agora, tontos e cegos, crentes no amor eterno...

Esse mundo se retro-alimenta de caos...

Entro num bar e bebo pra não chorar.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Texto Inaugural

Penso que um post inaugural deva-se propor a explicar o motivo do blog. Todos temos um brilho que quer vazão e que pode ser intenso. Somos um bando de velhos cabeludos e jovens mudando o mundo. Somos aqueles que bradam e abrandam o vibrar das supercordas. Nós é que gritamos e agitamos as cordas das velas, avistando terra no meio do mar. Por isso, esse blog cheio de gente que sabe transitar entre os mundos, que sabe viver bem, que penetra TODAS as estruturas. Um salve a essas pessoas guerreiras, desse mundo, que sonham com o bom, o bonito e o belo. Há aqueles que não. Aquele abraço aos que eu não via (e ainda não vejo). Um abraço aos artistas, poetas poeteiros da margem e da alta-classe, sejam bem-vindos... Um sayonará, um Renoir, um saravá, um até lá, um quiçá, um vatapá, um sarará e um au revoir pra vocês !