quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Velha Casa

Nossa casa tinha aroma de jardim úmido.
Não sei se de lágrimas,
Minhas ou de meus tios todos juntos.
A beleza da velha casa estava no musgo,
Na decoração da sala, no amor que cada canto continha.
A gente pensava que, escalando toda ela, buscassem-nos seres lunáticos, tivéssemos sorte.
Por todo lado um pedaço de palavra, solta e junta, de tanta cor, tamanho e vontade diversa...
Deitávamos nelas, meu tio e eu e meu irmão idem.
Ao pé delas, íamos correndo aos gritos em volta de toda aquela gente que ia lá.
Vontade de morar na conversa deles, os adultos.
A estante de livros sentia essa vontade também, nossa parente.
Vovó sempre foi fã de livros.
Saíam, por vezes, pedaços da estante por entre as bocas da gente, abertas...
Ficavam gozados: pés e prateleiras, lombadas e capas de livros, capítulos soltos...
Nada entendiam, os adultos, da nossa erudição...
De fato, éramos meninos apenas...

Um comentário:

Cafofo do 9°A disse...
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